terça-feira, 16 de outubro de 2012

Do rouge carmim para o blush com nano tecnologia


  Do rouge carmim para o blush com nano tecnologia
Como a geração de mulheres dos anos 30 e 40 se adaptaram as mudanças do mercado de beauté.
                                                                                                                                
                                                                                                                            Por Juliana Spotto

Zilda Jardinetti e seu coque à la Audrey Hepburn  
Da passagem do rouge para o blush, muita água rolou no mundo da beleza. As meninas comportadas dos anos 50 logo quiseram se libertar e, nos anos 60, com a invenção da pílula anticoncepcional, a revolução social e estética tinha começado.
Além de cuidar dos filhos, a mulheres foram conquistando o espaço na sociedade para trabalhar, e é claro, precisavam de mais praticidade. Os penteados rococós foram lentamente sumindo para dar espaço para as sobrancelhas finas e os cabelos cuidadosamente despenteados.  Hoje, na geração 2000, a explosão da tecnologia dos cremes anti idade e da maquiagem de última geração forçaram o público feminino que nasceu nos anos 30 para 40 tentarem se adaptar a essas novas mudanças.
Zilda Jardinetti, Maria José Coelho e Iesa Rodrigues são mulheres bastante diferentes. Zilda, com 68 anos atualmente, era uma dona de casa e professora, que se desdobrava entre os filhos e as tarefas do lar. Beleza, para ela, era no seu raro tempo livre. Maria, uma farmacêutica de 74 anos, por sua vez, foi farmacêutica da Granado e acompanhou as mudanças da cosmetologia desde os anos 60 até se aposentar. Iesa, referência no mundo da moda com experiência de ser editora de um caderno feminino do JB, já usou e viu todas as tendências possíveis no mercado. A Penteadeira Retrô conversou com as três para descobrir um pouco como elas se adequaram aos cosméticos e atuais e sobre as diferenças que sentiram durante as passagens de décadas no passado.

Penteadeira Retrô: Como eram as rotinas de beleza durante as décadas de 60, 70, 80 e 90 para vocês?
Iesa Rodrigues e seu corte chanel
Zilda Jardinetti: Durante a década de 60,com meus 20 anos,tinha apenas uma rotina de higiene básica.Usava sabonete de enxofre por causa das espinhas. Pela noite, passava água de colônia no rosto e creme Pond’s como hidratante. Maquiagem usava no dia a dia: batom e pó de arroz, rouge e mais nada. Nos anos 70, já casada, comecei a usar creme Nívea e a maquiagem Max Factor e Helena Rubistein, com base antes do pó compacto e lápis preto de olho, arriscando sombra azul nos olhos. Em 80 vieram mais brilhos, usava a sombra branca e marrom,mais marcada. Em 90, amava usar maquiagem importada mais variada e sóbria.
Maria José: Na década de 60, a rotina de beleza era muito simples, somente o essencial. Pouco usava batom. Também não tínhamos tanta opção, né (risos). Com o cabelo sempre tive maior cuidado, com máscaras e hidratação continua. Também não depilávamos a sobrancelha. Em 70, comecei a viajar e comprar melhores produtos, como lápis de olho, cremes para atenuar olheiras e perfumes. Na Granado, tive algumas vantagens por ser farmacêutica, tinha um creme anti manchas muito bom e que rendia muito. Também usava uma máscara arenosa da Avon nos anos 80, que ficava por 40 minutos no rosto e no enxágüe saiam os cravos. Sempre usei a água de colônia da Granado e os sabonetes, afinal, era eu que os produzia!

Iesa Rodrigues: Os anos 60 foi uma época de adolescência, colégio de freiras em Santa Catarina, nada de make up e nenhum cabeleireiro decente em Blumenau. Meus cabelos eram cortados pela minha mãe... Quando fui para os anos 70, de volta ao Rio de Janeiro, já estava trabalhando, usando sombra marrom como banana (no meio da pálpebra), cílios postiços, cabelo com escova ou meia peruca. Para grandes ocasiões, valia um pancake para fazer uma pele. Casei de cílios postiços verdes! Resisti a afinar sobrancelhas, ainda bem. Nos 80, - nunca desfiei cabelo nem fiz permanente, por motivos óbvios: meu cabelo já é volumoso e ondulado. Em compensação, fiz muita escova, estilo Farrah Fawcett. Mas o make up foi reduzido, em relação à década anterior. O batom é que ficou mais marcado, vermelhos e metalizados. Já nos 90,  finalmente, um cabeleireiro amigo me convenceu a cobrir os fios brancos. Claro, radicalizei: fui loura, ruiva, cortei quase a zero. No make up, só experiências: bases de todos os tipos, blushes em pó, creme e bastão. Aderi ao concealer (ou corretivo).

Cabelo pigmaleão com permanente de Zilda 
PR: Qual foi a grande mudança de beauté para vocês?
Zilda Jardinetti: A grande mudança no meu caso sempre foi o cabelo, que é muito liso. Por ser meio sem graça, sempre acompanhei todas as mudanças e tendências de corte e cor de perto! Adolescente, pintei uma mecha de azul de metileno que adquiri na farmácia. Meu pai queria me matar! Cortei Joãozinho em 60, fiz o corte pigmaleão da Tônia Carreiro com permanente nos anos 70 e depois pintei depois de louro por uma década. Hoje estou mais calma. (Risos).
Maria José: A mudança que percebi não foi na tendência de beleza, mas na praticidade e variedade. A base era em pedra antes, com apenas 3 cores básicas, passávamos o dedo na água e diluíamos na hora de espalhar pela face. O surgimento da base em creme e do pincel foi um avanço para mim.

Iesa Rodrigues: Trocar os rolinhos (bobs) pela escova e secador de mão!  

PR: Existiu alguma tendência que vocês tiveram dificuldade de se adaptar?
Zilda Facci: Cabelos cacheados sempre foi um desafio, cheguei a passar cerveja e enrolar com bob bem grosso por horas...
Maria José: A sombra azul, que sempre achei esquisitíssimo. Um segredo de beleza estranho da minha época era passar pomada minancora sobre o batom para conseguir outra tonalidade. Ficava mais arroxeado!

Iesa Rodrigues: Como disse, a mania da permanente, nos anos 1980 (quando todas imitaram a Vera Fischer, de permanente em uma novela - nem sei qual). Outra, as escovas progressivas: desconfio destes milagres. E a terceira, o botox, detesto coisas invasivas!

Zilda Jardinetti com beleza mais sóbria nos anos 90
PR: Dicas de tratamentos de beleza caseiras tinham mais influência no passado?
Zilda Facci: Sim, eram mais eficazes que os tratamentos de hoje! Eu adorava fazer uma máscara de iogurte com morango para o rosto, creme de abacate com mel para os cabelos, esfoliante de açúcar com limão e pepino fatiado para olheiras. Para manter o bronzeado, usava óleo de amêndoa com semente de urucum.
Maria José: Com certeza! As mulheres prestavam muita mais atenção para o natural. Eu sempre fazia uma máscara de abacate no rosto para pele seca e gostava também de hidratar os cabelos com creme de abacate com gema de ovos.

Iesa Rodrigues: Acho que não, era igual à hoje. Uma dica que funcionou com meu cabelo era lavar com sabão de coco e enxaguar com uma mistura de vinagre e água - dava um brilho e tirava a oleosidade. Mas ficava com um certo aroma de salada...

 Maria José nos anos 60, com corte chanel.
PR: Quais eram suas marcas favoritas de cosméticos no passado? E hoje?
Zilda Facci: Hoje minhas marcas favoritas são Boticário para colônias, Saint Ives para hidratantes e Avon para esmaltes. Mac, Kiko e Bourjois fazem parte da grande variedade com qualidade que existe hoje no mercado. No passado, não existiam tantas marcas na cidade em que morava, Londrina. Max Factor e Helena Rubistein eram mais conhecidas.
Maria José: Minhas marcas favoritas são as consagradas marcas francesas, Yves Saint Laurent, Chanel e Dior, que também são bem antigas. Viajando tive bastante acesso a elas. No passado, gostava muito da marca Stendal. A Clinique conheci nos anos 70, era referência para meu trabalho de farmacêutica: adorava a maquiaqem anti-alérgica e de excelente qualidade. A gente se adapta, né?

Iesa Rodrigues: No passado, não vivia sem a Max Factor.
Atualmente, uso Chanel (base), Revlon (sombra verde-água), Maybelline (rímel, quando uso), MAC (Batom), Boticário (blush). Na necessaire de viagem, que fica pronta, a base é Toleriane, o corretivo, MAC, o blush Contem1g, o lápis, um toquinho Lancôme. Sem a menor fidelidade a marcas! 

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